Samuel Wainer

31/12/2020

         Vanderlino Nunes devia ter motivos políticos para providenciar visita de solidariedade a Samuel Wainer, preso no quartel da polícia militar no Centro do Rio. Daí ter-me escolhido para visitar o jornalista. Samuel Wainer recebeu-me simpaticamente não nos conhecíamos até então. Após as apresentações procuramos nos identificar como colegas. Ele já era veterano, mas estava longe de alcançar a projeção que Getúlio lhe deu, quando autorizou o Banco do Brasil a emprestar o necessário para a construção da sede da “Ultima Hora”, na avenida que tinha o nome presidencial, pouco adiante da Central do Brasil.

         Foi uma revolução na imprensa carioca.

         As máquinas, os técnicos trazidos da Argentina, novas técnicas de paginação, cores e fotos em abundância. O desenhista Lan recentemente falecido fez parte da equipe importada. O dinheiro – do Banco do Brasil.

         Getúlio foi eleito, Lacerda jurou destruir o concorrente. (Lacerda para sempre será perseguido pela caricatura “o corvo” – reproduzida na biografia de Samuel Wainer).

         Feliz Ano Novo!

Gratidão

24/12/2020

         Estas podem não ser as palavras exatas, mas Deus me da o sentimento de gratidão pela vida, pela amizade e pelo carinho que recebo neste por de sol de uma abençoada existência.

Rubens Nogueira

Dezembro 2020

O Céu da Pátria

19/12/2020

         O jornal informa que Rubem Braga morreu há 30 anos. Houve engano. O cronista que escreveu O Céu da Pátria, o poeta Homero Homem que completa 100 anos dia 6 próximo nunca morrem.

         O Céu da Pátria

         “Deito-me na rede, olho nuvens vagabundas. Creio que aquelas que estão paradas lá longe, branquinhas, espichadas como franja, se chamam cirros; e essas gordas, brancas, que brilham ao sol aqui mais perto, se chamam cúmulos (…) Deixo-me levar pela fantasia de suas esculturas, e vou vagando ao sabor dos seus caprichos. Direis que essa ocupação não é construtiva: responderei que estou contemplando o Céu da minha Pátria”. 

Rubem Braga

“Em na rede”, crônica de 1959

Já vai tarde

18/12/2020

         Aos 92 anos e meio tive a experiência de perder um filho na flor da idade. A morte de Marcelo aos 47 anos, quando vivia a experiência de ter uma família bem formada, e em lugar dos cuidados os filhos eram seus companheiros, todos torcedores do Flamengo.

         Marcelo e Maurício, a mãe Ana Médici, foram meus amores, alegraram minha velhice. Bem que eu poderia ter ido antes deles, como deve ser. Restou Maurício, meu orgulho de segundo pai.

         Deus que me perdoe. 2020, me fez muito mal.

         Já vai tarde!

Woody Allen

1/12/20

         Não me lembro em que ano descobri Woody Allen, mas sei que tinha por ele a mesma paixão que dediquei a vida inteira a Frank Sinatra.

         Artista genial, do texto à música com participação em todos os detalhes da produção, eu me extasiava com a relação dos números musicais nos créditos, com certeza ele possui uma fantástica coleção de discos.

         Allen produz filmes há muitos anos. Minha fantasia é imaginar que assisti a todos.

         Ele enfrentou problemas na justiça e rejeição pelo público americano, quando se casou com uma de suas filhas. A jovem foi adotada por ele e a esposa Mia Farrow. O escândalo obrigou-o a se refugiar na Europa.

         Na autobiografia que está nas livrarias Woody usa toda a sua capacidade intelectual para explicar o caso, que abalou a sociedade americana e mexeu com o prestígio artístico do genial escritor.

         “Woody não se poupa de nenhum assunto pessoal. Esmiúça sua conturbada relação com a ex-namorada e estrela de vários de seus filmes, Mia Farrow”.

         Allan Stewart Konigsberg é nome de nascimento.

         Ele se defende como pode. O livro é muito bom.